Num universo com pouco mais de 15 milhões de anos, há mais ou menos dois
milhões, que o homem caminha sobre as planícies, vales, oceanos e montanhas à
procura do fim último da vida, a felicidade, como diziam os romanos “Et fini
vitae felicitas est”(o proposito da vida é a felicidade).
O problema da alteridade, ainda que visualizado sob a perspectiva da dimensão ontológica do homem, enquanto um dos grandes géneros ou ainda na sua dimensão ético-antropológica, em oposição ao “eu” em relação ao “outro”, é uma antiga problemática que gravita em torno da filosofia e sociologia. Nesta perspectiva, propor uma reflexão em torno da questão é um atalho que é escolhido para procurar compreender e tentar clarificar o que está semanticamente subjacente ao conceito de alteridade. Os argumentos apresentados neste texto resultam de algumas noites “em companhia” de Emmanuel Levinas, Frei Betto, Emanuel Kant e Meyer.
O problema da alteridade, ainda que visualizado sob a perspectiva da dimensão ontológica do homem, enquanto um dos grandes géneros ou ainda na sua dimensão ético-antropológica, em oposição ao “eu” em relação ao “outro”, é uma antiga problemática que gravita em torno da filosofia e sociologia. Nesta perspectiva, propor uma reflexão em torno da questão é um atalho que é escolhido para procurar compreender e tentar clarificar o que está semanticamente subjacente ao conceito de alteridade. Os argumentos apresentados neste texto resultam de algumas noites “em companhia” de Emmanuel Levinas, Frei Betto, Emanuel Kant e Meyer.
Alteridade é a noção
que cada um de nós tem do outro. É a concepção que parte da premissa básica de
que a existência do “eu enquanto individuo” só é permitida com base num contato
com o outro, que em sentido mais amplo é a sociedade diferente do indivíduo.
Uma das maiores e mais densas problemáticas dos nossos dias é o problema do “eu” em relação ao “outro”. A diferença constitui a base de qualquer sociedade, mas essa diferença também é fonte inesgotável de tensão e conflitos. Num mundo cada vez mais digitalizado e egoísta, os conflitos colocam na ordem do dia a tensão entre a “identidade e a alteridade”. O outro, aquele que possui crenças, valores, princípios e modo de encarar a realidade e o meio que o rodeia diferentes, é identidade negada e identidade que ao mesmo tempo nega os padrões legítimos do outro. O reconhecimento da diferença parece ser uma verdadeira ameaça, como esclarece Meyer. Trabalhar a dimensão da alteridade não se tem mostrado tarefa fácil. O Homem vive inclinado para a colonização do “outro”, ter domínio sobre o semelhante, marginalizá-lo e vampirizá-lo. Mas Frei Betto ensina que o “outro” é tão sagrado e dotado de dignidade e direitos quanto “eu”. O ladrão, o cego, o paralítico, o assassino e o mendigo são dotados de dignidade simplesmente porque são pessoas humanas. Estas entidades não têm mais ou menos dignidade que eu ou qualquer outra pessoa. Todos somos obras e criaturas de Deus como afirma Kant.
Existe uma enorme dificuldade em procurar entender o outro na sua dimensão ontológica. O Mundo está “careca” de saber que Adolf Hitler exterminou judeu, mas isso não significa que não tinha dignidade. O Rapper brasileiro, Gabriel O Pensador numa das suas músicas diz que:
“Você e o Pelé
morreriam igual. Então, que morra o preconceito e viva a união racial”.
Cada vez mais aceitamos com algum fatalismo a ideia de uma sociedade em que a concepção de valor, moral e ética é esculpida mediante um procedimento sociológico em que o capital tem muito mais importância que a liberdade, a paz, a dignidade e o sujeito. O indivíduo é avaliado pelo preço do carro ou da roupa que usa. A nossa identidade é construída pela nossa história. Escreve Frei Betto: “eu sou eu e todo um conjunto de fatores endógenos e exógenos (internos e externos). Esses fatores acabam por se tornar as minhas circunstâncias”. Escreveu Ortega y Gasset: “eu sou eu e as minhas circunstâncias”.
Num dos seus livros, Meyer afirma que:
“cada um tem o direito
de ser diferente, contanto que a igualdade dos direitos da pessoa seja
respeitada. Inversamente, a universalidade é imperativa, mas não pode sê-lo em
detrimento das diferenças que somos e que nos fazem ser. Cada um tem o direito
à sua história e o dever de cada um é respeitar que o outro também tenha
direito à sua. A universalidade sem diferença é tão totalitária como a
diferença sem a universalidade”
É urgente a necessidade de se encontrar
equilíbrio emocional para lidar com as relações de alteridade. Procurar
entender o indivíduo em todas as suas dimensões é o primeiro passo para a
aceitação do “outro” e as suas circunstâncias. Eu apenas existo a partir do
outro, da visão do outro, o que me possibilita também compreender o mundo sob
uma perspectiva diferente, partindo tanto do “outro” diferente de mim mesmo,
sensibilizado que sou através da experiência do contato.
Hélio Pellegrino dizia que não há nada mais revolucionário do que a proclamação da ressurreição da carne. A carne representa a materialidade do Universo. E um dos grandes mestres da antropologia contemporânea, Juvenal Arduini, afirma que é necessário ousar para reinventar a humanidade. O indivíduo é e sempre será a clave holística de orquestração planetária.
Hélio Pellegrino dizia que não há nada mais revolucionário do que a proclamação da ressurreição da carne. A carne representa a materialidade do Universo. E um dos grandes mestres da antropologia contemporânea, Juvenal Arduini, afirma que é necessário ousar para reinventar a humanidade. O indivíduo é e sempre será a clave holística de orquestração planetária.
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